A vida troca-nos as voltas e, por vezes, ainda bem. Foi o que aconteceu com Antónia Gomes, fundadora e criadora da marca portuguesa e sustentável Branco Chá.
Antónia estudou publicidade e trabalhou no ramo comercial até 2013, ano em que passou pela experiência do desemprego. Foi nessa altura que Antónia deu azo à sua criatividade e à vontade de criar, que sempre sentiu desde quando vestia as suas próprias bonecas e criou a Branco Chá.
A sua forma de ser empreendedora aliada a uma forte consciência ecológica despoletou o interesse em criar peças de moda sustentáveis, para as pessoas e para o meio ambiente. Na verdade, recriar seria o termo mais apropriado, uma vez que todo processo criativo e produtivo se rege pelos princípios do upcycling, fazendo uso de desperdício têxtil e de tecidos que já ninguém queria, na produção das suas peças.
Do upcycling ao Saco Português
Numa altura em que ainda se discute a problemática da reciclagem, o upcycling surge para contrariar a insustentabilidade dos processos de produção e consumo modernos. Designa o processo de transformação de resíduos, produtos inúteis ou indesejados em novos materiais ou produtos de melhor qualidade e/ou com maior valor ambiental. Apesar de ainda relativamente desconhecido do grande público, alguns empreendedores começam a olhar para o nosso desperdício como uma oportunidade.
Antónia é um exemplo disso mesmo: inspirada por uma peça de tapeçaria tipicamente portuguesa, conciliou o reaproveitamento de excedentes de produção com a sabedoria de artesãs locais e criou uma mala de senhora, que apelidou de Saco Português.
O contacto que tem, e sempre teve, com excedentes de várias fábricas, que geralmente acabavam por se deteriorar ou no lixo, facilitou todo o processo. Por outro lado, e porque a sustentabilidade não se esgota nas questões ecológicas, toda a sua produção é feita localmente, recorrendo a artesãs da Póvoa de Varzim (de onde é natural!), que com elas escolhe as cores, modelos e padrões das tapeçarias, que posteriormente Antónia transforma em peças verdadeiramente únicas (sim, não existem duas malas iguais!).
O carimbo português é imagem de marca. Diz-nos que documentários como o True Cost(1) a fez perceber a importância que tem produzir e adquirir o que é nacional, ou no limite, investigar as marcas que consumimos para percebermos como e por quem e em que condições foram produzidos esses produtos. Quando escolhemos produtos portugueses, estamos a comprar qualidade, pela longa tradição que a Indústria Têxtil e do Calçado tem em Portugal, mas também estamos a dizer NÃO! às formas de produção massivas, dependentes de países subdesenvolvidos, que não raras as vezes descuram de forma deliberada a segurança e direitos dos seus trabalhadores.
É esta forma de produção e consumo, consciente e sustentável, que Antónia defende e promove através da Branco Chá, que alia a transparência da cor branca ao quente do chá.
A Branco Chá encontra-se à venda nas redes sociais (facebook e instagram), loja online, em mercados e em lojas como a Uva, situada na Póvoa de Varzim, e a Almada13, no Porto.
Branco Chá
+351 927 660 067
brancochamail@gmail.com
LOJA ONLINE: http://www.tictail.com/brancocha
(1) True Cost: é um documentário que conta a história por de trás da Indústria da Moda, estabelecendo um paralelismo entre a descida dos preços das peças de roupa que compramos (sobretudo as fabricadas pelas grandes cadeias de fast fashion) e o drástico aumento que isso acarreta na vida das pessoas que as produzem e no meio ambiente. Disponível na plataforma de streaming Netflix e em: https://truecostmovie.com/
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